O terroir é um termo francês sem tradução literal, mas com muitos significados. De maneira geral, ele pode ser descrito como uma interação complexa entre diferentes fatores que influenciam no cultivo das uvas (viticultura) e na elaboração dos vinhos (vinicultura) de um determinado território. O terroir se tornou uma percepção do entorno, de tudo aquilo envolvido na geração de um produto típico de uma região. É o “gosto do lugar”.

A associação de um produto com seu local de origem é algo bem antigo. No século VII a.C., os gregos já utilizavam denominações geográficas para identificar os vinhos de melhor qualidade. As ânforas (vasos antigos de forma geralmente ovoide e possuidora de duas alças, usadas para armazenar líquidos – especialmente o vinho) eram inscritas com o nome da localidade e do produtor, como um mecanismo para certificar a origem do produto. Hoje em dia, essa identificação é realizada através das indicações geográficas que têm como objetivo principal, como o próprio nome diz, “indicar a geografia”, ou seja, o local de procedência daquele produto.

Para Seguin (1988), o termo terroir pode ser entendido como “um ecossistema interativo, em um determinado local, incluindo o clima, o solo e a videira”. Como toda atividade agrícola, a viticultura é realizada pelo homem e por isso os fatores humanos também devem ser considerados como parte da sua definição, pois reflete a história da viticultura em um determinado local e as intervenções realizadas para otimizar sua expressão (VAN LEEUWEN & SEGUIN, 2006).

A Organização Internacional da Videira e do Vinho define o termo terroir como “um conceito que se refere a uma área em que se desenvolve o conhecimento coletivo das interações entre o ambiente físico e biológico identificável e as práticas vitivinícolas aplicadas, conferindo características distintivas aos produtos originários desta área” (OIV, 2010). Ou seja, o território em que determinado produto foi produzido lhe confere propriedades distintas, uma identidade.

Haynes (1999) foi um dos primeiros autores que tentou qualificar o termo terroir ao dividi-lo em cinco fatores: GEOLÓGICO (geologia do subsolo e a geoquímica, petrologia e textura do estrato individual, taxa de fluxo e química da água superficial e água subterrânea), FISIOGRÁFICO (tipo de relevo, elevação, orientação e declividade da encosta, e drenagem da encosta), PEDOLÓGICO (composição e porosidade do solo, fertilidade do solo, textura e tamanho das partículas do solo, e mineralogia das argilas), METEOROLÓGICO (temperatura máxima e mínima, horas de luz solar, condição dos ventos, e pluviosidade) e VITICULTURAL (método de condução, espaçamento das fileiras, poda e produção, fertilização, adição mecânica de solo ou rocha, drenagem sistemática, e irrigação).

Agora, convidamos você a conhecer um pouco mais dos fatores que determinam o terroir de São Joaquim. Ao final, veremos como estes fatores integrados definem um mapa de distribuição das subdivisões destes terroirs ou microterroirs.